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- Estiveste outra vez a fumar.

[consegues sempre ler-me, mesmo quando me escondo em entrelinhas de falsos sorrisos e felicidades perdidas em reinos encantados (são mágicos. A magia não existe.)]

- Estiveste outra vez a fumar. Foi, não foi?

[pára com as repetições. Estive a fumar, sim. Cada esperar pelo teu regresso se revela em nuvens de fumo saídas dos meus lábios. Estive a fumar, sim. Mas como é que sabes?]

(a minha voz: “foi só um cigarro.”)

- Eu sabia. Estiveste outra vez a fumar.

[ainda não percebeste? És tu o culpado deste vício que me martiriza e me arruína em mil pedaços de cinza. És tu quem faz com que o lugar que era teu apodreça em volta de névoa. Estive a fumar, sim. Não precisas de me lembrar.]

- Estiveste outra vez a fumar, e isso só te faz mal.

[já te disse que foi só um cigarro. Mal é o que tu fazes quando me partes e não voltas, mal és tu em mim e o teu toque que me falta. Mal é isso. Quem és tu para falar do meu mal?]

- Não falas, porquê?

(a minha voz: “não tenho nada para te dizer.”)

- Estiveste outra vez a fumar. Fumar mata.

[não sabes dizer outra coisa? Deves ter falta de assunto, mas sem quereres, tocas sempre no ponto. Morta estou eu, que me matas todos os dias um bocadinho. Morte é ter perdido a vontade de viver. A minha morte és tu. Aquilo foi só um cigarro.]

(a minha voz: “que te preocupas tu com isso?”)

- Estiveste outra vez a fumar, e fumar só te faz mal. Fumar mata.

[irritas-me. Repetes o que já disseste quando não dizes nada de novo, e não sei que fazer nem como sair daqui. Prendes-me nas tuas malhas. A tua voz. O segredo do teu olhar. Apetece-me outro cigarro. Vou pegar noutro cigarro.]

- Vais continuar a perder-te nisso?

[não insistas. Perdida estou eu em ti e no que (não) és e (não) me mostras. Cada sorriso teu é ópio de vida. Isto é só um cigarro. Dou a primeira paça.]

- Tudo bem. Vou-me embora. Não me ouves, e eu nada te digo. Há barreiras de fumos entre nós.

[viras as costas, não te vejo partir. Tudo tem que ser assim quando me eternizas em memórias a cada olhar. Podes não saber, mas eu oiço cada palavra tua, mas nada sei de como te responder. Tenho tanto para te dizer. Conheces a palavra saudade? No tempo em que não a sentia – do que éramos e do que fomos; agora somos apenas perdidos. – não precisava de fumar. Fumar são saudades. Agora não te tenho. E o cigarro…]

(a tua voz na minha: “estiveste outra vez a fumar.”)

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- Estiveste outra vez a fumar.

[consegues sempre ler-me, mesmo quando me escondo em entrelinhas de falsos sorrisos e felicidades perdidas em reinos encantados (são mágicos. A magia não existe.)]

- Estiveste outra vez a fumar. Foi, não foi?

[pára com as repetições. Estive a fumar, sim. Cada esperar pelo teu regresso se revela em nuvens de fumo saídas dos meus lábios. Estive a fumar, sim. Mas como é que sabes?]

(a minha voz: “foi só um cigarro.”)

- Eu sabia. Estiveste outra vez a fumar.

[ainda não percebeste? És tu o culpado deste vício que me martiriza e me arruína em mil pedaços de cinza. És tu quem faz com que o lugar que era teu apodreça em volta de névoa. Estive a fumar, sim. Não precisas de me lembrar.]

- Estiveste outra vez a fumar, e isso só te faz mal.

[já te disse que foi só um cigarro. Mal é o que tu fazes quando me partes e não voltas, mal és tu em mim e o teu toque que me falta. Mal é isso. Quem és tu para falar do meu mal?]

- Não falas, porquê?

(a minha voz: “não tenho nada para te dizer.”)

- Estiveste outra vez a fumar. Fumar mata.

[não sabes dizer outra coisa? Deves ter falta de assunto, mas sem quereres, tocas sempre no ponto. Morta estou eu, que me matas todos os dias um bocadinho. Morte é ter perdido a vontade de viver. A minha morte és tu. Aquilo foi só um cigarro.]

(a minha voz: “que te preocupas tu com isso?”)

- Estiveste outra vez a fumar, e fumar só te faz mal. Fumar mata.

[irritas-me. Repetes o que já disseste quando não dizes nada de novo, e não sei que fazer nem como sair daqui. Prendes-me nas tuas malhas. A tua voz. O segredo do teu olhar. Apetece-me outro cigarro. Vou pegar noutro cigarro.]

- Vais continuar a perder-te nisso?

[não insistas. Perdida estou eu em ti e no que (não) és e (não) me mostras. Cada sorriso teu é ópio de vida. Isto é só um cigarro. Dou a primeira paça.]

- Tudo bem. Vou-me embora. Não me ouves, e eu nada te digo. Há barreiras de fumos entre nós.

[viras as costas, não te vejo partir. Tudo tem que ser assim quando me eternizas em memórias a cada olhar. Podes não saber, mas eu oiço cada palavra tua, mas nada sei de como te responder. Tenho tanto para te dizer. Conheces a palavra saudade? No tempo em que não a sentia – do que éramos e do que fomos; agora somos apenas perdidos. – não precisava de fumar. Fumar são saudades. Agora não te tenho. E o cigarro…]

(a tua voz na minha: “estiveste outra vez a fumar.”)