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O Cão e A Rosa
Vagava solitário pela cidade, o pobre cão; revirando o lixo à procura de alimento, raramente encontrava algo digno de ser engolido. As sombras do lugar onde vivia escondiam a vergonha que sentia pela sua situação, na qual entrara há anos, quando resolveu fugir de casa.
Era uma tarde quente de verão; em busca de abrigo do calor, encontrou um lugar que lhe passaria despercebido, não fosse pela falha entre o muro de pedra coberto por arbustos e o portão de madeira maciça.
Entrou –com certo esforço – pelo buraco, e tamanha foi sua surpresa ao encontrar um lindo jardim, com majestosas acácias cuidadosamente postas entre o capim aparado e os arbustos variados; parecia mágico, especialmente por parecer intocável em meio ao caos da metrópole.
Então seu devaneio foi interrompido por uma voz:
-Que fazes aqui?
O cão procurou a origem da voz, e percebeu a dona da voz: uma rosa com ares de autoridade.
-Venho procurando abrigo do Sol; No entanto, se te incomoda minha presença, prontamente sairei.
A rosa sorriu.
–Não é necessário; "Bem-vindos são os que têm atenção, pois são suficientemente pacientes para encontrar este lugar." Verdadeiramente és abençoado, tu que podes ir e vir; és um ser livre. Pudera eu ter tal liberdade, sair deste lugar e conhecer o mundo onde vives...
-Receio que o mundo onde eu vivo não seja como tu imaginas; meu mundo é hostil e violento, dominado por um ser cruel que, pensando possuir tudo o que existe, destrói o que é belo para usar seus restos a seu favor. Ficando aqui, estás protegida de todo o mal que esse ser, o homem, causa a tudo ao seu redor e a si mesmo.
-Poderia o homem ser tão hostil como dizes? Conta-me mais sobre tua vida e teus costumes.
E conversaram. Ele, narrando suas aventuras e desventuras que vivia pelas ruas da cidade, as alegrias e frustrações que tem ao conviver com os humanos; ela, contando-lhe seus pensamentos, suas filosofias sobre o mundo – que conhecia apenas pelas borboletas, que costumeiramente lhe falavam ao passar pelo jardim.
Ao final da tarde, encerraram o longo diálogo, o cão que já estava faminto, pois o pouco que tinha no estômago já havia sido digerido, e a rosa que precisava se recolher para, no dia seguinte, desabrochar ainda mais viva.
Despediram-se. O cão levantou-se e saiu pela falha, um portal onde havia descoberto o paraíso - seu paraíso - e caminhou tranquilamente, alheio ao mestre-de-obras que observava de longe uma placa no muro enquanto falava ao telefone:
-Chefe? Encontrei um terreno perfeito para a construção do prédio que o senhor encomendou ao engenheiro...

Texto por Giulia Sthefany

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O Cão e A Rosa
Vagava solitário pela cidade, o pobre cão; revirando o lixo à procura de alimento, raramente encontrava algo digno de ser engolido. As sombras do lugar onde vivia escondiam a vergonha que sentia pela sua situação, na qual entrara há anos, quando resolveu fugir de casa.
Era uma tarde quente de verão; em busca de abrigo do calor, encontrou um lugar que lhe passaria despercebido, não fosse pela falha entre o muro de pedra coberto por arbustos e o portão de madeira maciça.
Entrou –com certo esforço – pelo buraco, e tamanha foi sua surpresa ao encontrar um lindo jardim, com majestosas acácias cuidadosamente postas entre o capim aparado e os arbustos variados; parecia mágico, especialmente por parecer intocável em meio ao caos da metrópole.
Então seu devaneio foi interrompido por uma voz:
-Que fazes aqui?
O cão procurou a origem da voz, e percebeu a dona da voz: uma rosa com ares de autoridade.
-Venho procurando abrigo do Sol; No entanto, se te incomoda minha presença, prontamente sairei.
A rosa sorriu.
–Não é necessário; "Bem-vindos são os que têm atenção, pois são suficientemente pacientes para encontrar este lugar." Verdadeiramente és abençoado, tu que podes ir e vir; és um ser livre. Pudera eu ter tal liberdade, sair deste lugar e conhecer o mundo onde vives...
-Receio que o mundo onde eu vivo não seja como tu imaginas; meu mundo é hostil e violento, dominado por um ser cruel que, pensando possuir tudo o que existe, destrói o que é belo para usar seus restos a seu favor. Ficando aqui, estás protegida de todo o mal que esse ser, o homem, causa a tudo ao seu redor e a si mesmo.
-Poderia o homem ser tão hostil como dizes? Conta-me mais sobre tua vida e teus costumes.
E conversaram. Ele, narrando suas aventuras e desventuras que vivia pelas ruas da cidade, as alegrias e frustrações que tem ao conviver com os humanos; ela, contando-lhe seus pensamentos, suas filosofias sobre o mundo – que conhecia apenas pelas borboletas, que costumeiramente lhe falavam ao passar pelo jardim.
Ao final da tarde, encerraram o longo diálogo, o cão que já estava faminto, pois o pouco que tinha no estômago já havia sido digerido, e a rosa que precisava se recolher para, no dia seguinte, desabrochar ainda mais viva.
Despediram-se. O cão levantou-se e saiu pela falha, um portal onde havia descoberto o paraíso - seu paraíso - e caminhou tranquilamente, alheio ao mestre-de-obras que observava de longe uma placa no muro enquanto falava ao telefone:
-Chefe? Encontrei um terreno perfeito para a construção do prédio que o senhor encomendou ao engenheiro...

Texto por Giulia Sthefany