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Algumas vezes é quase impossível diferenciar sonhos de realidade. Outras vezes, temos experiências tão marcantes quando dormimos que… elas realmente parecem verdadeiras e nos dão a impressão de que vivemos tudo aquilo de verdade. Não sei ao certo o que de fato aconteceu, nem se isso tudo o que vou contar é apenas fruto da minha imaginação ou algo mais sério, mas tenho certeza absoluta que tudo me pareceu tão real de forma que ainda consigo sentir aquele toque suave sobre minha pele.

Éramos apenas pessoas comuns, um homem e uma mulher que se falavam quase que diariamente ao se encontrar no trabalho, caminho de volta para casa, etc., etc.… Nosso caminho, no entanto, sempre foi marcado por um grande segredo. Um segredo guardado a sete chaves até então.

Por agora não direi o segredo. Farei um breve resumo de uma lenda que meu povo costumava dizer e depois eu a usarei como “arte do segredo”. De forma (bem) resumida, a lenda diz que muitas vezes as pessoas que habitam a Terra são apenas anjos, guerreiros, cuja função é apenas recolher “recrutas” para a grande batalha celestial final. Eles vêm para a Terra olham para os “espécimes” e depois os dota de poderes para que estes possam lutar nos grandes campos – localizados nos limbos.

Ouvia isso desde criança, mas nunca acreditei em uma única palavra do que me foi dito sobre essa lenda. Ora… eu nunca vi um anjo aqui na Terra. Ou melhor… ainda não tinha visto até ontem (ou seria “esse anjo” apenas um sonho também?). Bem… isso não é importante por agora. O que me acho curioso (e importante) é a forma como com o passar do tempo eu fui desenvolvendo dons extremamente estranhos e complexos, de forma que em um belo dia, eu apenas não me reconhecia mais.

Eu simplesmente comecei a ver demônios e criaturas sombrias a qualquer hora do dia. Elas estavam dentro do ônibus, no trabalho na escola de meu sobrinho entre outros. Desde esse dia, essa minha amiga com quem eu cruzava quase que diariamente parece ter percebido alguma mudança na minha forma de portar diante das pessoas (já que os demônios eram assustadores e me faziam temer o simples contato – um aperto de mão – por exemplo, com meu chefe).

Ela então veio com uma história de dizer que eu era o Anjo Negro que veio equilibrar novamente as forças nas batalhas. Curioso… logo eu, um zé ninguém, ser aquele que traria o equilíbrio para uma batalha. Comecei a me lembrar dos pequenos detalhes da lenda que meu povo contava durante a minha infância e tudo aquilo então começou a fazer sentido.

À noite (em meus sonhos, talvez) eu sempre me via à frente de um exército daquelas criaturas que eu tinha medo de tocar durante o dia, como se eu fosse uma forma de “general” para elas. Esse tipo de sonho veio me perseguindo desde o dia que essa minha amiga se dirigiu a mim, se referindo à lenda do meu povo, dizendo q eu era um anjo.

Ela então me (re)ensinou os caminhos em busca da verdade e pediu para que eu tentasse chegar em algum lugar por intermédio deles. Tentei todas as formas possíveis, mas a única com a qual obtive sucesso foi o caminho que ela denominou o “caminho das trevas”. Não consigo me recodar grandes detalhes dessa caminhada, mas me lembro que á ultima vez em que eu tentei ver a verdade, me foi revelado que eu teria que travar uma batalha mortal com essa pessoa que estava me ajudando (e que também era alguém por quem eu estava me apaixonando). Depois disso me lembro de um clarão.

Foi como se eu tivesse sido transportado de onde eu estava para uma cadeia de montanhas flamejantes e quentes. Eu via em meu redor grande escuridão, sendo iluminada apenas pelas chamas das montanhas. Todas aquelas criaturas horrendas estavam ali também, e agora faziam reverência à minha pessoa. Em minha frente eu então a vejo. Bela, pele clara (quase pálida) loira brilhando fortemente em suas vestes brancas em meio às montanhas flamejantes.

“Tenho que te contar um segredo.” – ela sussurrou em meu ouvido tais palavras e pegando minha mão disse: “Corra, pois não temos tempo.”. “Tempo para que?” perguntei, logo em seguida concluindo: “E eu também tenho uma coisa séria para te contar.”. Ela pareceu não ter dado muita atenção ao que eu disse sobre contar-lhe algo. Até mesmo porque ela estava correndo como uma louca desvairada por uma espécie de trilha que havia em uma das montanhas.

Quando estávamos nos dirigindo ao cume da montanha eu puxei a mão dela dizendo que ela deveria me falar do que se tratava toda aquela correria e porque ela estava diferente comigo. Ela disse que estava apressada para mostrar uma coisa que me chocaria pelo resto da vida. “Eu também tenho algo para chocar você. Eu sou um anjo como você disse, mas…”. Ela não esperou eu terminar de dizer a frase. Ela colocou a mão sobre minha boca e me puxou para me mostrar duas estátuas imensas: eu e ela brigando. As estátuas se moviam e uma delas arremessou a figura reluzente da dama para longe dali. A cena das estátuas lutando só aumentou minha certeza de que deveríamos ser inimigos mortais. Eu havia me esquecido do tempo enquanto ela desmaiada foi caindo, cada vez mais rápido.

Retornei à realidade e lembrando de minha amada, que havia sido arremessada por uma das estátuas “vivas”, não pensei duas vezes: joguei-me do penhasco para salvar a pessoa que seria meu único e verdadeiro amor. Ainda caindo senti algo me machucando e de repente: duas asas nascem das minhas costas proporcionando certo equilíbrio no ar. Com essas asas eu podia voar e salvar o futuro amor da minha vida. Foi o que eu fiz. Depois de um grande mergulho em direção à morte, lutando pela vida da minha amada, e certamente venerando a minha morte, só o que eu consigo me lembrar é que estávamos os dois, juntos, nos abraçando e beijando.

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Algumas vezes é quase impossível diferenciar sonhos de realidade. Outras vezes, temos experiências tão marcantes quando dormimos que… elas realmente parecem verdadeiras e nos dão a impressão de que vivemos tudo aquilo de verdade. Não sei ao certo o que de fato aconteceu, nem se isso tudo o que vou contar é apenas fruto da minha imaginação ou algo mais sério, mas tenho certeza absoluta que tudo me pareceu tão real de forma que ainda consigo sentir aquele toque suave sobre minha pele.

Éramos apenas pessoas comuns, um homem e uma mulher que se falavam quase que diariamente ao se encontrar no trabalho, caminho de volta para casa, etc., etc.… Nosso caminho, no entanto, sempre foi marcado por um grande segredo. Um segredo guardado a sete chaves até então.

Por agora não direi o segredo. Farei um breve resumo de uma lenda que meu povo costumava dizer e depois eu a usarei como “arte do segredo”. De forma (bem) resumida, a lenda diz que muitas vezes as pessoas que habitam a Terra são apenas anjos, guerreiros, cuja função é apenas recolher “recrutas” para a grande batalha celestial final. Eles vêm para a Terra olham para os “espécimes” e depois os dota de poderes para que estes possam lutar nos grandes campos – localizados nos limbos.

Ouvia isso desde criança, mas nunca acreditei em uma única palavra do que me foi dito sobre essa lenda. Ora… eu nunca vi um anjo aqui na Terra. Ou melhor… ainda não tinha visto até ontem (ou seria “esse anjo” apenas um sonho também?). Bem… isso não é importante por agora. O que me acho curioso (e importante) é a forma como com o passar do tempo eu fui desenvolvendo dons extremamente estranhos e complexos, de forma que em um belo dia, eu apenas não me reconhecia mais.

Eu simplesmente comecei a ver demônios e criaturas sombrias a qualquer hora do dia. Elas estavam dentro do ônibus, no trabalho na escola de meu sobrinho entre outros. Desde esse dia, essa minha amiga com quem eu cruzava quase que diariamente parece ter percebido alguma mudança na minha forma de portar diante das pessoas (já que os demônios eram assustadores e me faziam temer o simples contato – um aperto de mão – por exemplo, com meu chefe).

Ela então veio com uma história de dizer que eu era o Anjo Negro que veio equilibrar novamente as forças nas batalhas. Curioso… logo eu, um zé ninguém, ser aquele que traria o equilíbrio para uma batalha. Comecei a me lembrar dos pequenos detalhes da lenda que meu povo contava durante a minha infância e tudo aquilo então começou a fazer sentido.

À noite (em meus sonhos, talvez) eu sempre me via à frente de um exército daquelas criaturas que eu tinha medo de tocar durante o dia, como se eu fosse uma forma de “general” para elas. Esse tipo de sonho veio me perseguindo desde o dia que essa minha amiga se dirigiu a mim, se referindo à lenda do meu povo, dizendo q eu era um anjo.

Ela então me (re)ensinou os caminhos em busca da verdade e pediu para que eu tentasse chegar em algum lugar por intermédio deles. Tentei todas as formas possíveis, mas a única com a qual obtive sucesso foi o caminho que ela denominou o “caminho das trevas”. Não consigo me recodar grandes detalhes dessa caminhada, mas me lembro que á ultima vez em que eu tentei ver a verdade, me foi revelado que eu teria que travar uma batalha mortal com essa pessoa que estava me ajudando (e que também era alguém por quem eu estava me apaixonando). Depois disso me lembro de um clarão.

Foi como se eu tivesse sido transportado de onde eu estava para uma cadeia de montanhas flamejantes e quentes. Eu via em meu redor grande escuridão, sendo iluminada apenas pelas chamas das montanhas. Todas aquelas criaturas horrendas estavam ali também, e agora faziam reverência à minha pessoa. Em minha frente eu então a vejo. Bela, pele clara (quase pálida) loira brilhando fortemente em suas vestes brancas em meio às montanhas flamejantes.

“Tenho que te contar um segredo.” – ela sussurrou em meu ouvido tais palavras e pegando minha mão disse: “Corra, pois não temos tempo.”. “Tempo para que?” perguntei, logo em seguida concluindo: “E eu também tenho uma coisa séria para te contar.”. Ela pareceu não ter dado muita atenção ao que eu disse sobre contar-lhe algo. Até mesmo porque ela estava correndo como uma louca desvairada por uma espécie de trilha que havia em uma das montanhas.

Quando estávamos nos dirigindo ao cume da montanha eu puxei a mão dela dizendo que ela deveria me falar do que se tratava toda aquela correria e porque ela estava diferente comigo. Ela disse que estava apressada para mostrar uma coisa que me chocaria pelo resto da vida. “Eu também tenho algo para chocar você. Eu sou um anjo como você disse, mas…”. Ela não esperou eu terminar de dizer a frase. Ela colocou a mão sobre minha boca e me puxou para me mostrar duas estátuas imensas: eu e ela brigando. As estátuas se moviam e uma delas arremessou a figura reluzente da dama para longe dali. A cena das estátuas lutando só aumentou minha certeza de que deveríamos ser inimigos mortais. Eu havia me esquecido do tempo enquanto ela desmaiada foi caindo, cada vez mais rápido.

Retornei à realidade e lembrando de minha amada, que havia sido arremessada por uma das estátuas “vivas”, não pensei duas vezes: joguei-me do penhasco para salvar a pessoa que seria meu único e verdadeiro amor. Ainda caindo senti algo me machucando e de repente: duas asas nascem das minhas costas proporcionando certo equilíbrio no ar. Com essas asas eu podia voar e salvar o futuro amor da minha vida. Foi o que eu fiz. Depois de um grande mergulho em direção à morte, lutando pela vida da minha amada, e certamente venerando a minha morte, só o que eu consigo me lembrar é que estávamos os dois, juntos, nos abraçando e beijando.