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Damnedin — I Concerto
Published: 2006-07-12 23:04:26 +0000 UTC; Views: 243; Favourites: 0; Downloads: 2
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Description Naquela tarde tentei fazer aquela maquiagem que há muito tempo ansiava fazer, porque ia acontecer uma coisa muito especial: o concerto naquele supermercado. Calcei a bota esquerda e ouvi três batidas na porta do meu quarto.
- Liliana despacha-te, se não, não te levo! - dizia o meu pai em tom de reclamação.
- Já vou papá, dá-me só mais uns minutos... - respondi fazendo uma certa força na voz porque estava concentrada em amarrar aqueles atacadores nas botas.
- Dou-te dez minutos e vou andando para o carro. - tentou negociar.
- Ok pá já me despacho. - disse pegando na bota direita e enfiando o meu pé lá dentro.
Acabando de me vestir, peguei na mala penteei-me mais uma vez, pisquei o olho ao espelho e fui a correr para o carro.  Vinte minutos depois estávamos ao pé do supermercado onde ocorreria o concerto. Dei um beijo no meu pai e fui embora ao encontro do meu melhor amigo, Evan. Tínhamo-nos conhecido há tão pouco tempo e já nos dávamos tão bem, mesmo sabendo que toda a gente da minha turma detestava-o pelas manias que ele tinha. Mas a escola já tinha acabado e eu estava tão satisfeita com o meu presente. Cheguei ao pé dele, cumprimentei-o com dois beijos na cara e ele olhou-me com aquele olhar demente e os seus olhos cinzentos penetraram o meu pensamento tão rapidamente que durante um segundo imaginei-me a beijá-lo. De repente e tentando voltar à realidade cerrei os olhos com muita força e abanei a cabeça. Ah, já estava tudo bem, ele estava ali ao meu lado e dirigíamo-nos ao andar onde estava o supermercado.
Quando chegámos à entrada deparei-me com um cenário tão estranho e ao mesmo tempo tão familiar: não estavam lá as enormes prateleiras recheadas de produtos coloridos, apenas uma rapariga na recepção (que faria o lugar de bar), e a secção de congelados estavam lá como sempre estiveram. Achei o lugar tão vazio para o concerto de uma banda tão famosa. Ouvi vozes atrás de mim, risadas e decidi olhar para trás, era o meu grupo de amigos, senti um baque no coração e fui cumprimentá-los a sorrir.
Senti que tinha de ir à casa de banho, disse-lo ao meu melhor amigo e fui até lá pelos corredores labirínticos daquele edifício. Não imaginei que, ao sair de lá encontraria Evan.
- Que fazes aqui? - perguntei meia alarmada iamginando o que poderia ele estar a pensar.
- Err... eu vim à tua procura e lembrei-me que tinhas vindo aqui. - respondeu ele seguro de si e olhando-me sempre com aqueles olhos cinzentos lindos que ele tinha.
- Pois... e vieste à minha procura porque, espera, aconteceu alguma coisa? - indaguei assustada.
- Não, não, nada. Queria falar contigo. - disse Evan num tom aliciante.
Franzi o sobrolho e disse-lhe num sussurro "Conta-me". Já não me lembrava porque corredores tinha vindo e ele levou-me. Pensei que ele estivesse seguro de que me levaria para o lugar onde estava o palco, mas não. Achava aquele edifício tão estranho e a presença de Evan tornava-o ainda mais estranho. Chegámos a um corredor sem saída e meio escuro, na parede onde ele acabava estava o que antes fora uma porta. Sentei-me no chão e olhei-o.
- Já que viemos até aqui, não sei porque razão, conta-me o que que tens para me contar. - disse sorrindo.
- Eu, err... ham... Bom, eu quero que saibas que gosto muito de ti. - confessou Evan meio atrapalhado.
Notei que ele estava inseguro, parecia que não era bem aquilo que ele queria dizer, mas disse-lhe o que me ia na alma.
- Eu tamb...
- Shh! - Fez ele tapando-me a boca com o dedo indicador.
Senti a minha respiração acelerar. Seria do embaraço ou seria medo...? Medo, era medo concerteza. Medo de fazer algo errado, a insegurança de falhar para com o melhor amigo.
- Não me vou esquecer do primeiro dia que te vi... - disse ele com o olhar perdido numa das paredes. - Nem do último que te vir.
- Que... que queres dizer com isso? - perguntei confusa com a situação.
Não podia ser, ele estaria a dizer que ia assistir à minha morte, ao meu funeral?
- Não penses que não te amei secretamente durante tanto tempo...
- A sério? Só te conheço há três meses... - afirmei segura de mim.
- Eu já te olhava de longe há muito, muito tempo Lili, és especial, como mais nenhuma rapariga será. - Continuou parecendo não ligar ao que tinha dito antes. - E por isso, a tradição da minha fa...
Nem o deixei acabar e abracei-o. Fui impulsionada por um sentimento estranho, tinha medo do que ele ia dizer, mas estava satisfeita por ele estar ali comigo, só nós dois. Beijei-o no pescoço e desejei que aquele momento não terminasse. Ele agarrou-me pelos ombros e sacudiu-me três vezes.
- Ouve o que tenho para te dizer! - vociferou Evan. Ele estava alterado, tão alterado, parecia que não o conhecia. - A tradição da minha família diz que...
Ele não conseguiu continuar a frase e olhou-me com os olhos cheios de lágrimas. Afaguei-o como se fosse um peluche. As suas duas grandes mãos estavam na minha cintura e senti que a sua mão esquerda escorregou pelas minhas ancas e foi parar ao bolso de Evan. Em movimentos rápidos ele afastou-se de mim quase me jogando contra a parede.
- Era isto! - rosnou ele pegando numa faca - , era isto que eu queria que soubesses.
- Não... - gemi. - Não pode ser... Evan.
Eu estava encolhida contra o canto esquerdo do corredor, ao longe ouvia os primeiros acordes das guitarras e uma voz a dizer "Boa tarde!", palmas e os soluços de Evan que tinha começado a chorar. Coloquei a cabeça entre as mãos e senti algo entrar pela minha perna adentro, era tão gelado, parecia... metal! Evan tinha enfiado a faca na minha perna, ele queria ferir-me. Dei um grande grito de dor, era tudo tão estranho, o correrdor, Evan a olhar-me e a dizer-me "Ainda não acabou". Acho que as pessoas ouviram-me a gritar, pelos menos assim o pareceu porque fechei os olhos e quando voltei a acordar, o corredor cinzento e deserto transformara-se num quarto, e o chão frio numa cama confortável.
- Já acordou? - disse uma voz doce.
Uma mulher de rosto esquelético e pálida passou a mão por cima da minha testa, eu estava transpirando. Ela afastou-se de mim, olhou-me por instantes e voltou-se para abrir a cortina do quarto.
- Que aconteceu comigo? - perguntei fingindo não entender o que se passara.
- Na minha opinião foste ferida por alguém, perdeste muto sangue, mas felizmente sobreviveste. - opinou a senhora que continuou - Mas o relatório do médico é diferente, a princípio ele disse que era provável teres bebido álcool a mais e teres cometido uma loucura. Agora disse que não foi encontrado nenhum álcool no teu sangue e ele diz que podem até ter sido desejos suicidas.
- Mas eu tenho uma vida tão boa, não pensaria em tal coisa. - rematei.
Era injusto, terem-me acusado de algo que não tinha feito. Tinha tanta pensa, Evan golpeara-me com aquela faca apenas uma vez e cá estava eu numa cama de hospital.
- Há quanto tempo estou aqui? - indaguei curiosa, parecia que tinham passado séculos.
- Chegaste aqui no Sábado, hoje é Segunda-Feira. - respondeu a enfermeira.
Tanto tempo perdido.
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Comments: 10

CRLS666 [2006-07-22 15:54:47 +0000 UTC]

ta excelent!!!! hehe

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Damnedin In reply to CRLS666 [2006-07-24 19:55:41 +0000 UTC]

Thank you

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Christeen [2006-07-13 10:24:04 +0000 UTC]

Iss já parece o meu sonho, mas felizmente os rapazes que saíram da carrinah da Omni salvaram me e nao havia concerto nenhum nem supermercado, mas sim um apartamento
Está bem escrito, as usual . Ve é se isso não te acontece amanhã no concerto dos Karnak , apesar de ser no Tecnopolo e não num supermercado

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Damnedin In reply to Christeen [2006-07-13 18:09:33 +0000 UTC]

Never! Eu não conheço nenhum rapaz lindo como eu imagino o "Evan" o_o acho que ele não existe e se existe está bem longe daqui e nem sonha que eu existo, enfim...

E quem quereria ferir-me com os argumentos que ele teve para me ferir no meu sonho?

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Christeen In reply to Damnedin [2006-07-13 19:04:13 +0000 UTC]

Não conheces? Eu conheço lol
Quem te queria ferir com esses argumentos? Não sei. Mas sei que quem te ama nunca te feria. Esse Evan precisa é de medicação e de uma pesqiuiatra como eu

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Damnedin In reply to Christeen [2006-07-13 22:22:06 +0000 UTC]

Não, o Evan precisa é de outra coisa
e eu sei o que é! *remmembers the 4th chapter*

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Christeen In reply to Damnedin [2006-07-13 22:23:03 +0000 UTC]

LOL
Se o evan q eu conheço precisasse disso ahaha

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Damnedin In reply to Christeen [2006-07-15 14:50:05 +0000 UTC]

Oh se precisa! disso e muito mais

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Christeen In reply to Damnedin [2006-07-15 15:08:32 +0000 UTC]

Não sei Acho q esse evan q eu conheço n queria isso de mim.

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Damnedin In reply to Christeen [2006-07-15 16:25:27 +0000 UTC]

Mas o Evan quer o-O
porqe sim

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